“Netuno” por Agnolo Bronzino (1503-1572)
*Excertos de Artigo de Isabel Marazina
Desde a psicanálise, pensa-se que o falocentrismo, que sustenta a distribuição de valores – e de poderes – na sociedade patriarcal, não gerou, mas reforçou o imaginário “eles tem – elas não” que não é mais que a teoria infantil nascida da impossibilidade de inscrever a diferença sexual nos primeiros anos de vida.
Sabemos que esse imaginário promoveu, ao longo da história, uma atribuição social do poder ao homem, que este recebia como algo que lhe era próprio, “por natureza”, enquanto possuidor de um pênis, garantia do brilho fálico. Em momentos em que os atributos de força e valor físico eram imprescindíveis para assegurar a posse das terras, dos Estados e das mulheres, a supremacia masculina era incontestável. Todo um aparelho institucional estava destinado a sustentar a lógica que dividia a espécie entre seres “completos” e “incompletos”. Continue lendo »