O Espelho e os Homens: Considerações Sobre os Reflexos na Masculinidade de Hoje

Netuno” por Agnolo Bronzino (1503-1572)

*Excertos de Artigo de Isabel Marazina

Desde a psicanálise, pensa-se que o falocentrismo, que sustenta a distribuição de valores – e de poderes – na sociedade patriarcal, não gerou, mas reforçou o imaginário “eles tem – elas não” que não é mais que a teoria infantil nascida da impossibilidade de inscrever a diferença sexual nos primeiros anos de vida.

Sabemos que esse imaginário promoveu, ao longo da história, uma atribuição social do poder ao homem, que este recebia como algo que lhe era próprio, “por natureza”, enquanto possuidor de um pênis, garantia do brilho fálico. Em momentos em que os atributos de força e valor físico eram imprescindíveis para assegurar a posse das terras, dos Estados e das mulheres, a supremacia masculina era incontestável. Todo um aparelho institucional estava destinado a sustentar a lógica que dividia a espécie entre seres “completos” e “incompletos”. Continue lendo »

O homem na pós-modernidade: reflexões sobre as identidades masculinas…

“Baco” por Leonardo da Vinci (1452-1519)

*Excertos de artigo de Ronald Clay dos Santos Ericeira

Apresentação

Que critérios ou parâmetros definem a identidade masculina? O que delimita o campo do masculino na contemporaneidade? Estes são questionamentos que reverberam cotidianamente nos colóquios científicos sobre estudos de gênero, bem como em programas de televisão destinados a debater, calorosamente, os relacionamentos amorosos na atualidade. Nesses espaços de discussão, divulga-se que o homem estaria em crise consigo mesmo e com sua parceira sexual, pois não saberia mais se adequar ao papel de provedor e a de fortaleza impenetrável às emoções, os quais lhes foram historicamente atribuídos.

Nessa perspectiva, a sociedade ocidental, grosso modo, estaria demandando ao homem maior flexibilidade e sensibilidade ao tratar com sua companheira sexual. Além disso, acrescentamos que sua contínua ausência do lar por destinar significativa parte do seu tempo ao trabalho também teria se tornado mote de acusações de negligência parental. O constante absenteísmo paterno estaria viabilizando o aparecimento de uma geração de meninos fracos, afeminados e sem a noção precisa da importância da lei simbólica que lhes ensinaria as interdições culturais de sua coletividade. Continue lendo »