Alguns Aspectos da Religião na Psicologia Analítica

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Imagem: William Blake

Excertos de artigo escrito por Mauricio Aranha

Sobre o numinoso e o sagrado, pode-se afirmar, no contexto junguiano, que representam o divino incompreensível e, ao mesmo tempo, revitalizados como força que desperta sob a forma de confiança e pavor. Para Jung, estas manifestações guardam em si aspectos duais, pois:

“(…), se comprovo que a alma possui naturalmente uma função religiosa,e se levo adiante a idéia de que a tarefa mais distinta de toda a educação (do adulto) é tornar consciente o arquétipo da imagem divina e seus respectivos efeitos e difusões, a teologia vem sobre mim e tenta me dirimir do“psicologismo”. Se na psique não existissem grandes valores referentes à experiência (sem prejuízo do já existente antinomon pneuma ), a psicologia não me interessaria nem um pouco, já que a psique seria, então, nada mais que um deserto miserável. Mas com base em centenas de experiências sei que ela não é assim. Ao contrário, ela contém o correlato de todas aquelas experiências que formularam o dogma, e ainda mais alguma coisa que a torna capaz de ser o olho definido para ver a luz. (…) Acusaram-me de “deificação da psique”. Foi Deus,e não eu, quem a deificou! Não fui eu quem criou para a alma uma função religiosa. (…), somente expus os fatos que comprovam que a alma é naturalite rreligiosa , (…).” (Jung, 1971h: CW 12, par. 14).  Continue lendo »

Alguns Aspectos da Religião na Psicologia Analítica

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Imagem: William Blake

Excertos de artigo escrito por Mauricio Aranha

(…) Para Jung, a instância que abriga a imagem divina na psique humana é o self. Este seria um princípio ordenador da personalidade capaz de conter todas as possibilidades do “vir a ser” heraclitiano; em outras palavras, dando significado ao símbolo.

(…) Assim sendo, pode-se inferir que tudo o que já foi manifesto nas escrituras bíblicas e nos dogmas cristãos possui correlato na função religiosa da psique, ou seja, são expressões do arquétipo religioso contido em cada pessoa. (…) Jung valoriza tanto o papel da religiosidade que chega a propor que os sistemas religiosos deveriam se ocupar de questões da psique, sendo então “sistemas psicoterapêuticos”. No entanto, o que se torna evidente é que a religião atua contrariamente a este posicionamento, tendo em vista que sua direção se volta para o objetivo de“proteger” as pessoas das possíveis experiências religiosas direta, pois sua abordagem se faz em nível de “confissão”. Continue lendo »

Casamento, Desenvolvimento Adulto e Felicidade

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Ilustração: Midlife Crisis by Ellen Rixford

Por Angelita Scárdua

Todos somos influenciados, quer gostemos ou não, pelos desígnios socioculturais do momento histórico no qual nos encontramos. Fomentadas pelas particularidades de cada época, as predisposições coletivas em relação a aspectos essenciais da experiência humana – como o sexo, o poder, a democracia, a beleza, o casamento, a virtude e muitas outras – adquirem um caráter incontestável. É assim que um conjunto de valores e idéias tendem a ser aceitos pela maioria como sendo verdades naturais, e indissociáveis, da condição humana. Continue lendo »

A Expectativa Feminina do “Casamento Feliz” e Suas Implicações Psicológicas Através da Psicologia Analítica

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Ilustração: Marc Chagall

Por Aline Aquino

Revista Coniunctio nº 4 Volume 2


O casamento, apesar das várias transformações culturais e psicológicas da sociedade contemporânea, é um momento desejado por muitos… As mulheres em especial, costumam nutrir a fantasia de um encontro com um “príncipe encantado” que as desposará para viverem uma vida de contos de fada, em que serão “felizes para sempre”.

Essa idéia de que os casamentos constituem-se principalmente de felicidade é bastante complexa e gera expectativas que têm um forte peso no relacionamento do casal e no desenvolvimento psicológico dos cônjuges após as núpcias. Continue lendo »

Trabalho e Felicidade

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Diná Sanchonete

Angelita Scárdua, Psicóloga: ‘Não dá para ter felicidade se a pessoa não for feliz no trabalho’

A Psicologia junguiana, na sua abordagem da personalidade e do desenvolvimento humano, trabalha com a idéia de Vocação. Segundo a psicóloga Angelita Scardua, as pessoas precisam ser capazes de parar, e ouvir, o chamado da própria vocação na hora de decidir que carreira seguir. Mais ainda, se a decisão implica mudanças de rumo, a confiança na própria escolha precisa estar em alta. Afinal, na hora de encarar uma mudança, é importante que se esteja pronto para o descrédito e a crítica de amigos e familiares. “É mais do que comum que os outros taxem àquele que está mudando de louco! Acontece que, se uma pessoa está envolvida com um trabalho que não lhe permite realizar suas potencialidades – sejam elas intelectuais, emocionais ou mesmo físicas– a realização profissional se torna praticamente impossível. Não dá para ter felicidade se não for feliz no trabalho’, disse. Continue lendo »