Breve História do Feminino

*Por Flávia Cristina Costa Pivatto

Quando examinamos a história do feminino, verificamos que desde os períodos Paleolítico e Neolítico já haviam cultos matriarcais, onde a deusa-mãe era adorada. Mircea Elíade, explica que com a passagem da vida nômade para sedentária, houve uma mudança dos elementos que simbolizavam a vida. Enquanto na vida nômade ossos e sangue eram símbolos de vida, no sedentarismo foram substituídos pelo sangue e esperma. Continue lendo »

Volta ao lar sem culpa

vermeer-milkmaidImagem: “A Leiteira” por Jan Vermeer (1632-1675)

Mais brasileiras decidem interromper deliberadamente a vida profissional em busca do equilíbrio familiar

Por Chantal Brissac e Eliane Trindade

As mulheres descobriram um novo caminho de volta para casa. Dito assim, há quem pense que, depois de tantos anos de lutas e uma inegável presença no mercado de trabalho, elas estejam abdicando de suas conquistas e retornando à inglória vida doméstica. Mas a questão agora não é voltar à condição de rainha do lar, e sim ter liberdade para decidir quando e como retornar, sem culpa ou patrulhamento feminista. Até as americanas, precursoras da emancipação, estão engrossando o time das novas donas de casa. Segundo o Departamento de Estatística de Saúde dos Estados Unidos, 30% das profissionais liberais da costa oeste americana voltaram para casa ao longo desta década. Os fatores para essa debandada geral são de ordem prática e emocional. Continue lendo »

Mulher Elástico

Mulher ElasticoImagem: “Mulher Deixando o Psicanalista” por Remedios Varos (1908-1963)

Assim como a personagem do desenho animado, a mulher contemporânea tem de ser elástica para dar conta das demandas do cotidiano.

*por Maria Helena Fernandes

Em uma tarde de domingo caía uma fina garoa paulistana. Fui despertada de meus pensamentos  longínquos por uma solicitação dos meus filhos. Eles me pediam que os levasse para assistir ao filme Os incríveis, da Disney. Arrastada pelo entusiasmo deles, entrei numa longa fila, na companhia barulhenta de pais, avós e crianças que se acotovelavam na porta da sala do cinema, na tentativa de conseguir um bom lugar. Pipoca, Coca-Cola e chocolate! Enfim, bem instalados nas poltronas, esperamos o filme começar. Continue lendo »

A mulher moderna e o seu dinheiro

A Mulher Moderna e Seu DinheiroImagem:  “Queen Elizabeth I” por Nicholas Hilliard (1547-1619)

*Ana Lucília Rodrigues

A atividade profissional feminina adquiriu o direito à cidadania. É agora um valor e uma aspiração legítima. A condição pós-moderna se recusa a uma identidade constituída exclusivamente pelas funções de mãe e esposa.

Segundo o sociólogo Gilles Lipovetsky, está nova mulher concretiza uma ruptura histórica na identidade feminina, bem como nas relações entre os sexos. Esse novo modelo histórico é nomeado de a “terceira mulher”. A “primeira mulher” corresponderia a Eva da tradição judaico-cristã, ser nefasto e diabólico, agente da infelicidade do homem. A “segunda mulher” é posta em cena a partir da Idade Média, é uma espécie de anjo idealizado por sua beleza e qualidades “passivas”, é glorificada em verso e prosa pelos homens, ela está longe de conquistar sua autonomia individual diante do macho dominador. Continue lendo »

A invenção da mulher – Parte II

Invencao da Mulher_IIImagem: “A Criação de Eva” por Michelangelo Buonarroti (1475-1564)

*por Marcus do Rio Teixeira

A mulher no desejo masculino

Ao introduzir o conceito de objeto a, ao qual chamou de sua invenção, Lacan acentua a dissimetria entre as posições masculina e feminina. Na teoria lacaniana, trata-se do objeto fundamentalmente perdido, do qual o sujeito é separado em sua constituição e que representa a matriz de todos os objetos que ele vai desejar posteriormente na realidade, sendo denominado por isso de causa do desejo. Ainda que seja essencialmente imaterial, o objeto a pode ser materializado imaginariamente por alguns objetos; estes possuiriam a característica comum de serem parciais, em geral partes do corpo. O desejo masculino recorta imaginariamente no corpo da mulher esse objeto, o que faz com que ele não a deseje em sua totalidade, mas como objeto parcial. “Ao ter acesso ao lugar do desejo, o outro de modo algum se torna o objeto total, mas o problema, ao contrário, é que ele se torna totalmente objeto, como instrumento do desejo”, diz Lacan. Continue lendo »

A invenção da mulher – Parte III

Invencao da Mulher_IIIImagem: “A Criação de Eva” por William Blake (1757-1827)

*por Marcus do Rio Teixeira

Lógica do desencontro

A feminilidade possui, portanto, algo de inapreensível ao homem, visto que não participa da significação fálica que organiza o universo masculino. Ela é organizada segundo uma lógica diversa, uma lógica do não-todo. Ainda que do ponto de vista da biologia homem e mulher sejam macho e fêmea da mesma espécie, buscam objetos diferentes e são regidos por lógicas diversas. Isso faz com que a mulher guarde, para o homem, uma dimensão de estranheza, que se traduz comumente no preconceito sob a forma das acusações mais diversas. Continue lendo »

O Caminho da Floresta nos Contos de Fada: Amadurecimento e Autonomia

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Imagem: Branca de Neve por Arthur Rackam

Por Angelita Corrêa Scardua


O espaço geográfico no qual os Contos de Fada se desenrolam é regido por leis totalmente diferentes daquelas que dominam o mundo cotidiano. O modo de funcionamento desse espaço constitui-se pela lógica do sobrenatural e do imaginário, ou seja, pela lógica dos conteúdos simbólicos do Inconsciente Coletivo. Da mesma forma que o inconsciente se organiza à revelia do tempo-espaço cronológico – estabelecendo suas próprias relações de causa e efeito a partir da vivência afetiva, e não dos pontos cardeais e das horas – na geografia fantástica não existem distâncias que possam ser metricamente medidas ou tempo que os dias marcados nos calendários possa delimitar. Assim, o deslocamento físico dos personagens nos Contos de Fada segue a necessidade de desenvolvimento emocional do protagonista e dos coadjuvantes. Essa condição não-física da mobilidade no mundo da fantasia permite aos personagens deslocarem-se por reinos, céus, oceanos, mundos inferiores e superiores num “piscar de olhos”. Continue lendo »

A Expectativa Feminina do “Casamento Feliz” e Suas Implicações Psicológicas Através da Psicologia Analítica

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Ilustração: Marc Chagall

Por Aline Aquino

Revista Coniunctio nº 4 Volume 2


O casamento, apesar das várias transformações culturais e psicológicas da sociedade contemporânea, é um momento desejado por muitos… As mulheres em especial, costumam nutrir a fantasia de um encontro com um “príncipe encantado” que as desposará para viverem uma vida de contos de fada, em que serão “felizes para sempre”.

Essa idéia de que os casamentos constituem-se principalmente de felicidade é bastante complexa e gera expectativas que têm um forte peso no relacionamento do casal e no desenvolvimento psicológico dos cônjuges após as núpcias. Continue lendo »