Breve História do Feminino

*Por Flávia Cristina Costa Pivatto

Quando examinamos a história do feminino, verificamos que desde os períodos Paleolítico e Neolítico já haviam cultos matriarcais, onde a deusa-mãe era adorada. Mircea Elíade, explica que com a passagem da vida nômade para sedentária, houve uma mudança dos elementos que simbolizavam a vida. Enquanto na vida nômade ossos e sangue eram símbolos de vida, no sedentarismo foram substituídos pelo sangue e esperma. Continue lendo »

O Imaginário Feminino da Divindade Como Caminho de Empoderamento das Mulheres

*Por Ana Luisa Alves Cordeiro

O presente artigo quer refletir a contribuição que a reconstrução da memória da Deusa tem para o universo das mulheres enquanto empoderamento e significação da vida, e como o imaginário feminino da divindade pode influenciar em relações de gênero mais recíprocas, partilhadas e igualitárias. A complexidade da vida humana evoca a utilização de uma vasta simbologia, de uma linguagem capaz de comunicar aquilo que muitas vezes não é exprimível por palavras. Etimologicamente a palavra “símbolo” vem do grego sym-ballo que significa reunir. Desta forma, o termo “símbolo” relaciona-se “à união de duas coisas” (CROATTO, 2001, p.84) tentando expressar aquilo que não é objetivável. A linguagem simbólica torna a humanidade possível à medida que dá significado à vida e às coisas, à medida que é expressão dos sonhos, da poesia, do amor, da arte e, principalmente, da experiência religiosa. Continue lendo »

A invenção da mulher – Parte II

Invencao da Mulher_IIImagem: “A Criação de Eva” por Michelangelo Buonarroti (1475-1564)

*por Marcus do Rio Teixeira

A mulher no desejo masculino

Ao introduzir o conceito de objeto a, ao qual chamou de sua invenção, Lacan acentua a dissimetria entre as posições masculina e feminina. Na teoria lacaniana, trata-se do objeto fundamentalmente perdido, do qual o sujeito é separado em sua constituição e que representa a matriz de todos os objetos que ele vai desejar posteriormente na realidade, sendo denominado por isso de causa do desejo. Ainda que seja essencialmente imaterial, o objeto a pode ser materializado imaginariamente por alguns objetos; estes possuiriam a característica comum de serem parciais, em geral partes do corpo. O desejo masculino recorta imaginariamente no corpo da mulher esse objeto, o que faz com que ele não a deseje em sua totalidade, mas como objeto parcial. “Ao ter acesso ao lugar do desejo, o outro de modo algum se torna o objeto total, mas o problema, ao contrário, é que ele se torna totalmente objeto, como instrumento do desejo”, diz Lacan. Continue lendo »

Satã, Uma Imagem Arquetípica do Mal… (Parte I)

sata_parte_i2

Para começo de conversa, precisamos entender que o ser humano é um ser gregário. Ou seja, seres humanos necessitam da companhia de seus pares para sobreviverem e se adaptarem ao meio. Ao nascermos somos muito frágeis e precisamos de cuidados constantes por um longo período de tempo, até que possamos caminhar com as próprias pernas. Tal arranjo levou a humanidade a se organizar em grupos para obter mais chances de caçar, coletar alimentos e criar os filhotes. Com isso podemos entender que, para o ser humano, a sobrevivência do grupo significaria a sobrevivência do indivíduo. Sendo assim, o grupo tornou-se o fundamento da existência humana e qualquer coisa que o colocasse em risco deveria ser entendida como nociva. Continue lendo »

Satã, Uma Imagem Arquetípica do Mal… (Parte II)

sata_parte_ii


Uma diferença básica parece haver entre a visão mítica do mal para os judaico-cristãos e para os povos pagãos do ocidente – e aqui incluo, Celtas, Vikings, Gregos, etc. Essa diferença diz respeito ao lugar do mal no universo e na nossa vida. Para os povos pagãos o mal era tão somente uma outra face do processo da vida. Loki, apesar de representar aquilo que os Vikings mais condenavam, não foi banido ou punido, muito menos desprezado ou negado. Ao contrário ele era um deus entre outros deuses, e suas características eram reconhecidas como estando presentes em nossas vidas e em nós mesmos. Tanto é que, muitas vezes, os outros deuses do panteão Viking recorreram a essas mesmas características “condenáveis” de Loki para conseguirem o que queriam. Mais do que isso, Loki era associado ao fogo, elemento do paraíso mítico Viking e fonte de acolhimento para quem vive em terras geladas. Isso revela um aspecto particularmente interessante da visão do “Mal” nas culturas pagãs: que é o entendimento deste como o ponto de equilíbrio necessário para a conquista do “Bem”. O que aponta para um entendimento mais tolerante da pluralidade afetiva da condição humana. Continue lendo »

A Expectativa Feminina do “Casamento Feliz” e Suas Implicações Psicológicas Através da Psicologia Analítica

sem-titulo5

Ilustração: Marc Chagall

Por Aline Aquino

Revista Coniunctio nº 4 Volume 2


O casamento, apesar das várias transformações culturais e psicológicas da sociedade contemporânea, é um momento desejado por muitos… As mulheres em especial, costumam nutrir a fantasia de um encontro com um “príncipe encantado” que as desposará para viverem uma vida de contos de fada, em que serão “felizes para sempre”.

Essa idéia de que os casamentos constituem-se principalmente de felicidade é bastante complexa e gera expectativas que têm um forte peso no relacionamento do casal e no desenvolvimento psicológico dos cônjuges após as núpcias. Continue lendo »