Encontro Com a Alma no Espaço Virtual

A Substância da Qual os Sonhos são Feitos” por John Anster Fitzgerald

Site na internet faz uma interessante conexão entre dois universos aparentemente incompatíveis: o mundo dos sonhos e o mundo virtual

*Por Silvia Graubart

Há quem suponha impraticável trabalhar as imagens oníricas pela internet. Polêmico, sem dúvida, esse modo de entrar em contato com os sonhos foi desenvolvido pelo analista junguiano de Boston, Robert Bosnak, e sua assistente Jill Fischer, em 1997. Mas além de possível, a prática é uma interessante conexão entre dois universos aparentemente Inernetincompatíveis: o mundo virtual e nossas imagens inconscientes. No universo on line pode ser associado à linguagem dos sonhos. Continue lendo »

Casamento, Desenvolvimento Adulto e Felicidade

*Por Angelita Corrêa Scardua

Todos somos influenciados, quer gostemos ou não, pelos desígnios socioculturais do momento histórico no qual nos encontramos. Fomentadas pelas particularidades de cada época, as predisposições coletivas em relação a aspectos essenciais da experiência humana – como o sexo, o poder, a democracia, a beleza, o casamento, a virtude e muitas outras – adquirem um caráter incontestável. É assim que um conjunto de valores e ideias tendem a ser aceitos pela maioria como sendo verdades naturais e indissociáveis da condição humana.

A partir desses valores e ideias axiomáticas formam-se padrões, aos quais os indivíduos tentam se adequar no intuito de serem considerados parte integrante da coletividade. Na opinião do psiquiatra suíço Carl Jung(1875-1961), essa “submissão” aos padrões socioculturais estaria profundamente vinculada à primeira fase da vida adulta. Dessa forma, Jung defende que a tarefa do indivíduo durante a primeira metade de sua vida consiste em estabelecer-se no mundo, cortar os vínculos da infância que o ligam aos pais, arranjar um parceiro sexual e iniciar uma nova família. Continue lendo »

A Psicologia Feminina e o Caráter de Integração

*Por Rejane Maria Gomes Leite Natel e **Anyara Menezes Lasheras

Alguns autores Junguianos, promovem uma reflexão sobre a mitologia feminina e suas representações arquetípicas , bem como a necessidade da integração desses mitos e arquétipos em nossos padrões de comportamento atuais. Através dessa reflexão, podemos observar várias disfunções femininas, que segundo os autores, deu-se ao longo da história da humanidade, calcadas em um poderio masculino, tendo submetido o caráter feminino a uma subestimação que nos afasta do primeiro universo a que o homem tem contato após ser gerado: o feminino. Continue lendo »

O Tarô e o Caminho da Individuação

The Fortune TellerA Vidente” por Sir Edward John Poynter(1839-1919)

*Por Paulo Urban

Não é por acaso que os 22 Arcanos Maiores do Tarô acham-se numerados. Suas cartas, perfiladas tal qual os capítulos de uma novela, retratam uma história verdadeira, a do ser humano em sua senda iniciática, repleta de experiências transcendentes e desafios que se nos apresentam como oportunidades para o autoconhecimento.

Desde a antigüidade, espalhados por distintas culturas, incontáveis são os mitos que abordam a imagem do homem colocado à prova, chamado a enfrentar perigos e resolver enigmas, a ultrapassar seus próprios limites e escolher o rumo certo nas encruzilhadas do caminho. Continue lendo »

Com quem sonham as mulheres

rousseaudreamImagem: “O Sonho” por Henri Rousseau (1844-1910)

Não importa se é o Brad Pitt ou um homem mal-encarado que perturba a sua noite: qualquer figura que apareça no sonho é um pedaço de você, indicando necessidades e desejos desconhecidos.

Por Fábio Sanchez

Um homem feio, violento e perverso aterroriza as noites de grande parte da população feminina. Não há força policial que consiga detê-lo, porque foi criado pelas próprias “vítimas” e só aparece quando elas estão dormindo, ou melhor, sonhando. Freqüentador assíduo dos consultórios de psicanalistas, esse homem mau é o animus, nome que define o lado masculino da mulher, usado pela primeira vez por Carl Gustav Jung, pai da psicologia analítica. A tarefa – não dos terapeutas mas das próprias sonhadoras – é  seguir o rastro desse vilão que, quase sempre, ostenta características que faltam a quem sonha. Continue lendo »

Satã, Uma Imagem Arquetípica do Mal… (Parte I)

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Para começo de conversa, precisamos entender que o ser humano é um ser gregário. Ou seja, seres humanos necessitam da companhia de seus pares para sobreviverem e se adaptarem ao meio. Ao nascermos somos muito frágeis e precisamos de cuidados constantes por um longo período de tempo, até que possamos caminhar com as próprias pernas. Tal arranjo levou a humanidade a se organizar em grupos para obter mais chances de caçar, coletar alimentos e criar os filhotes. Com isso podemos entender que, para o ser humano, a sobrevivência do grupo significaria a sobrevivência do indivíduo. Sendo assim, o grupo tornou-se o fundamento da existência humana e qualquer coisa que o colocasse em risco deveria ser entendida como nociva. Continue lendo »

Satã, Uma Imagem Arquetípica do Mal… (Parte II)

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Uma diferença básica parece haver entre a visão mítica do mal para os judaico-cristãos e para os povos pagãos do ocidente – e aqui incluo, Celtas, Vikings, Gregos, etc. Essa diferença diz respeito ao lugar do mal no universo e na nossa vida. Para os povos pagãos o mal era tão somente uma outra face do processo da vida. Loki, apesar de representar aquilo que os Vikings mais condenavam, não foi banido ou punido, muito menos desprezado ou negado. Ao contrário ele era um deus entre outros deuses, e suas características eram reconhecidas como estando presentes em nossas vidas e em nós mesmos. Tanto é que, muitas vezes, os outros deuses do panteão Viking recorreram a essas mesmas características “condenáveis” de Loki para conseguirem o que queriam. Mais do que isso, Loki era associado ao fogo, elemento do paraíso mítico Viking e fonte de acolhimento para quem vive em terras geladas. Isso revela um aspecto particularmente interessante da visão do “Mal” nas culturas pagãs: que é o entendimento deste como o ponto de equilíbrio necessário para a conquista do “Bem”. O que aponta para um entendimento mais tolerante da pluralidade afetiva da condição humana. Continue lendo »

Arteterapia: O Ser Tem Estados Inumeráveis

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*Por Renata Ramalho

Nise da Silveira buscou na mitologia o significado dos desenhos de seus pacientes.


Nise da Silveira buscava um embasamento teórico para suas pesquisas. Ela encontrou respostas na obra do poeta francês Antonin Artaud (1896-1948), que estivera internado por vários anos. Uma frase dele sobre um pintor surrealista lhe deu a chave para o que realmente era a esquizofrenia. ‘O ser tem estados inumeráveis e cada vez mais perigosos.’ Nise adotou a expressão ‘os inumeráveis estados do ser’, que virou inclusive título de um de seus livros. Continue lendo »

A Relação da Criação Artística Com a Psicologia Profunda_II

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*Por Elisabeth Bauch Zimmermann

Sobre a obra de arte Jung considera que:


seu sentido e sua arte específica lhe são inerentes e não se baseiam em suas condições prévias externas; aliás poderíamos até falar de um ser que utiliza o homem e suas disposições pessoais apenas como solo nutritivo, cujas forças ordena conforme suas próprias leis, configurando-se a si mesma de acordo com o que pretende ser”


Não há arte sem o diálogo consciente-inconsciente; o artista pode se sentir como um canal, um porta-voz de algo que é muito maior do que ele. O símbolo é polivalente, representa várias coisas tanto para quem produz como para quem entra em contato depois.Quanto mais amplo, mais geral, mais coletivo for o símbolo, mais profunda a obra e maior o seu alcance em sensibilizar o público. O psicólogo pode analisar e interpretar o processo de criação, mas não o resultado. O resultado, o que atinge e sensibiliza o espectador é tratado pelo crítico ou mais raramente pelo próprio artista. Continue lendo »

A Relação da Criação Artística Com a Psicologia Profunda_III

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*Por Elisabeth Bauch Zimmermann

A imaginação, desde sempre foi um espaço de liberdade que, em princípio, não pode ser tirado de ninguém. Lembra eventos passados e nos permite viver o futuro no espaço vivencial do presente. Por outro lado, o espaço vivencial torna-se, na imaginação, uma realidade simbólica, um espaço intermediário entre o mundo interno e o externo. Para ser útil ao ser humano, deverá estar sempre, tanto conectada ao mundo concreto como ao mundo psíquico. Da união fértil entre esses dois domínios pode nascer uma realidade que os transcende, criando e ampliando as novas possibilidades de vida. Continue lendo »