As Novas Configurações da Família e o Estatuto Simbólico das Funções Parentais

Excertos de Artigo de *Michele Kamers

(…) A partir da psicanálise, sabemos que a família é uma estrutura responsável pela transmissão e inserção do infans na cultura. Nesse sentido, cumpre a função fundamental de inscrição da criança no universo simbólico através das funções parentais. Entretanto, mesmo em se tratando de funções simbólicas, é curioso notar que há certa tendência em querer localizar na mãe biológica o agente da função materna, assim como no pai da realidade o agente da função paterna. De modo inverso, ainda é possível encontrar uma série de formulações que versam sobre as funções parentais que poderiam ser realizadas por “qualquer um”, desde que alguém compareça; o que nos parece um equívoco, já que, em se tratando de uma função parental, ela jamais pode ser “anônima”, visto que pressupõe uma função de “nomeação”. Continue lendo »

Para Ser Um Guri: Espaço e Representação da Masculinidade na Escola

Vulcano” por Peter Paul Rubens (1577-1640)

*Excertos de artigo de Ieda Prates da Silva

(…) (…) (…)

Na experiência com clínica psicanalítica de crianças num serviço público de saúde mental, ao longo dos últimos anos, temos nos deparado com uma realidade que para mim levanta questões instigantes e que o tema (…) A Masculinidade, me oportunizou trabalhar: o número de meninos, principalmente na faixa dos 8 aos 12 anos, encaminhados para tratamento psicoterapêutico com sintomas escolares (agressividade, distúrbios no comportamento, hiperagitação, dificuldades de concentração e de aprendizagem), é significativamente maior do que o de meninas (70% de crianças do sexo masculino e 30% do sexo feminino). A grande maioria dessas crianças é encaminhada pelas próprias escolas; os demais vêm enviados pelo Posto de Saúde, mas geralmente a pedido da escola. Continue lendo »

A invenção da mulher – Parte I

Invencao da Mulher_IImagem: “A Criação de Eva” por Johann Heinrich Füssli (1741-1825)

*por Marcus do Rio Teixeira

A feminilidade tem um quê de enigmático; por não poder ser totalmente contida na significação fálica que organiza a sexualidade masculina, se constrói à custa de reivindicação e artifícios imaginários, recursos que redundam em uma lógica muito peculiar em termos de desejo e gozo

A sexualidade humana constantemente é explicada com base no mecanismo hormonal e em modelos animais. Desse ponto de vista, as coisas são essencialmente simples – homens e mulheres seguiriam condutas que visariam a reprodução da espécie, comparáveis às dos outros animais sexuados. Cotidianamente, porém, a realidade desmente tal hipótese. Continue lendo »

A invenção da mulher – Parte II

Invencao da Mulher_IIImagem: “A Criação de Eva” por Michelangelo Buonarroti (1475-1564)

*por Marcus do Rio Teixeira

A mulher no desejo masculino

Ao introduzir o conceito de objeto a, ao qual chamou de sua invenção, Lacan acentua a dissimetria entre as posições masculina e feminina. Na teoria lacaniana, trata-se do objeto fundamentalmente perdido, do qual o sujeito é separado em sua constituição e que representa a matriz de todos os objetos que ele vai desejar posteriormente na realidade, sendo denominado por isso de causa do desejo. Ainda que seja essencialmente imaterial, o objeto a pode ser materializado imaginariamente por alguns objetos; estes possuiriam a característica comum de serem parciais, em geral partes do corpo. O desejo masculino recorta imaginariamente no corpo da mulher esse objeto, o que faz com que ele não a deseje em sua totalidade, mas como objeto parcial. “Ao ter acesso ao lugar do desejo, o outro de modo algum se torna o objeto total, mas o problema, ao contrário, é que ele se torna totalmente objeto, como instrumento do desejo”, diz Lacan. Continue lendo »

A invenção da mulher – Parte III

Invencao da Mulher_IIIImagem: “A Criação de Eva” por William Blake (1757-1827)

*por Marcus do Rio Teixeira

Lógica do desencontro

A feminilidade possui, portanto, algo de inapreensível ao homem, visto que não participa da significação fálica que organiza o universo masculino. Ela é organizada segundo uma lógica diversa, uma lógica do não-todo. Ainda que do ponto de vista da biologia homem e mulher sejam macho e fêmea da mesma espécie, buscam objetos diferentes e são regidos por lógicas diversas. Isso faz com que a mulher guarde, para o homem, uma dimensão de estranheza, que se traduz comumente no preconceito sob a forma das acusações mais diversas. Continue lendo »

A Bússola em Deus?

home

Por Generosa Ferraz, Griseldis Achôa, Helainy Andrade

… Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem…
(Cazuza e Frejat)

NORTE Continue lendo »