Breve História do Feminino

*Por Flávia Cristina Costa Pivatto

Quando examinamos a história do feminino, verificamos que desde os períodos Paleolítico e Neolítico já haviam cultos matriarcais, onde a deusa-mãe era adorada. Mircea Elíade, explica que com a passagem da vida nômade para sedentária, houve uma mudança dos elementos que simbolizavam a vida. Enquanto na vida nômade ossos e sangue eram símbolos de vida, no sedentarismo foram substituídos pelo sangue e esperma. Continue lendo »

O SIMBOLISMO DA CASA E A MÚSICA: IMAGINAÇÃO E MEMÓRIA

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Walter Melo*

A casa funciona, dentro das produções da imaginação material, como um abrigo, como um princípio de integração dos pensamentos, das lembranças e dos sonhos, em suma, como um valor de integração psíquica. (…)A casa está inscrita no corpo, não como traço mnêmico, mas como imagem de intimidade, como imagem que busca um centro, que instaura um centro, que cria um universo (Eliade, 1991). Em qualquer casa que moramos, tendemos a imaginá-la sempre mais do que ela é, pois, com esta imagem arquetípica, estamos justamente no ponto de união entre imaginação e memória(…). Continue lendo »

Os Contos de Fada no Processo de Desenvolvimento Humano

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Imagem: “O Príncipe Encantado“, Antiga Fábula Chinesa – Enciclopédia da Fantasia

*Por Joana Raquel Paraguassú Junqueira Villela

Introdução

Podem-se perguntar as razões pelas quais a psicologia junguiana se interessa por mitos e contos de fada. O Dr. Jung, disse certa vez, que é nos contos de fada onde melhor se pode estudar a anatomia comparada da psique. Nos mitos, lendas ou qualquer outro material mitológico mais elaborado obtém-se as estruturas básicas da psique humana através da grande quantidade de material cultural. Mas nos contos de fada, existe um material consciente culturalmente muito menos específico e, conseqüentemente, eles oferecem uma imagem mais clara das estruturas psíquicas (FRANZ, 1990: 25).

Divididos entre o bem e o mal, representados por príncipes, fadas e também por monstros, lobos e bruxas apavorantes, os contos de fadas encantam as crianças e os adultos desde a sua criação, que data da época medieval. Mas a sua função não pára aí, pois além do entretenimento, transmitem ainda valores e costumes e ajudam a elaborar a própria vida através de situações conflitantes e fantásticas. “Mitos e contos de fadas expressam processos inconscientes. A narração dos contos revitaliza esses processos e restabelece a simbiose entre consciente e inconsciente” – já havia dito Carl Gustav Jung, famoso psicanalista e discípulo de Freud (apud CEZARETTI, 1989: 24). Continue lendo »

O Caminho da Floresta nos Contos de Fada: Amadurecimento e Autonomia

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Imagem: Branca de Neve por Arthur Rackam

Por Angelita Corrêa Scardua


O espaço geográfico no qual os Contos de Fada se desenrolam é regido por leis totalmente diferentes daquelas que dominam o mundo cotidiano. O modo de funcionamento desse espaço constitui-se pela lógica do sobrenatural e do imaginário, ou seja, pela lógica dos conteúdos simbólicos do Inconsciente Coletivo. Da mesma forma que o inconsciente se organiza à revelia do tempo-espaço cronológico – estabelecendo suas próprias relações de causa e efeito a partir da vivência afetiva, e não dos pontos cardeais e das horas – na geografia fantástica não existem distâncias que possam ser metricamente medidas ou tempo que os dias marcados nos calendários possa delimitar. Assim, o deslocamento físico dos personagens nos Contos de Fada segue a necessidade de desenvolvimento emocional do protagonista e dos coadjuvantes. Essa condição não-física da mobilidade no mundo da fantasia permite aos personagens deslocarem-se por reinos, céus, oceanos, mundos inferiores e superiores num “piscar de olhos”. Continue lendo »

A Psicanálise e a Narrativa Popular: o uso terapêutico dos contos de fadas

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Imagem: “Os Três Cães” – Enciclopédia da Fantasia

*Por Carlos Brito

(…)Freud, desde muito cedo, em sua experiência clínica, destacou a importância e o valor dos contos de fadas, chamando a atenção para o fato de que, assim como nos mitos e nas lendas, essas narrativas referem-se à parte mais primitiva do psiquismo. Não é surpreendente descobrir que a psicanálise confirma nosso reconhecimento do lugar importante que os contos de fadas populares alcançaram na vida mental de nossos filhos. Em algumas pessoas, a rememoração de seus contos de fadas favoritos ocupa o lugar das lembranças de sua própria infância; elas transformaram esses contos em lembranças encobridoras […] Elementos e situações derivadas de contos de fadas podem também ser encontrados em sonhos. Interpretando as passagens em apreço, o paciente produzirá o conto de fadas significativo como associação (Freud, 1925:355). Continue lendo »

Contos de Fada

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Imagem: Maxfield Parrish – A Bela Adormecida

Por Nise da Silveira

Os contos de fada, do mesmo modo que os sonhos, são representações de acontecimentos psíquicos. Mas, enquanto os sonhos apresentam-se sobrecarregados de fatores de natureza pessoal, os contos de fada encenam os dramas da alma com materiais pertencentes em comum a todos os homens. Eles nos revelam esses dramas na sua rude ossatura, despojados dos múltiplos acessórios individuais que entram na composição dos sonhos.

Os contos de fada têm origem nas camadas profundas do inconsciente, comuns à psique de todos os humanos. Pertencem ao mundo arquetípico. Por isto seus temas reaparecem de maneira tão evidente e pura nos contos de países os mais distantes, em épocas as mais diferentes, com um mínimo de variações. Este é o motivo porque os contos de fada interessam à psicologia analítica. Continue lendo »

O Conto de Fada Numa Abordagem Junguiana

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Imagem:  Companheiro De Viagem – Enciclopédia Da Fantasia

Por Marilene Tavares de Almeida*

A cada dia me encantam mais e mais as histórias dos contos de fadas, talvez porque adoro ler entrelinhas e descobrir pontos de vista diversos. Com eles desato nós, desfaço (pré)conceitos. Aprendo que as histórias têm outras feições, outros jeitos, outras formas. Aprendo sob uma ótica diferente a reescrever a minha história ou histórias. Continue lendo »